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América utópica

“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”.

Eduardo Galeano

 

O que significa utopia? Segundo o dicionário Aurélio, utopia [Do gr. ou, ‘não’, + – top(o)– + -ia: ‘de nenhum lugar’.] S.f. 1. País imaginário, criação de Thomas Morus.

O viajante Raphael Hitlodeu, que participou da expedição de Américo Vespúcio, fez um relato fictício a Morus, descrevendo a fantástica “Utopia”, uma ilha paradisíaca. Foi a partir deste relato que Morus escreveu, em 1516, sua obra “Utopia”. Nesta obra ele nos mostra um lugar imaginário onde todos são felizes, vivem e trabalham para o bem comum. Por isso, o termo “utopia” foi associado à fantasia, sonho, fortuna e bem-estar.

Darcy Ribeiro em sua obra “América Latina: A Grande Pátria”, se reporta a América utópica no capítulo “A Nação Latina Americana – A Utopia era Aqui”.

Segundo Ribeiro, a América nasceu sob o signo da utopia. As primeiras notícias que chegaram à Europa sobre a América falavam desse paraíso, da inocente selvageria de seus habitantes, do jardim tropical idílico com seus índios inocentes e sem roupa.

Leon Pomer em sua obra, “As Aventuras que Voltaire não contou sobre Cândido e Cacambo, e as que nós contamos sobre Nicolás I, imperador dos Mamelucos”, utiliza as personagens de Voltaire (Cândido, Cacambo, Pangloss e Cunegunda) e sua personagem (Nicolás I, Imperador dos Mamelucos) para nos contar as aventuras dos colonizadores espanhóis e portugueses e dos missionários jesuítas aqui na América.

O autor nos narra, de maneira singular, como os colonizadores chegaram ao “Novo Mundo”, suas expectativas, seus sonhos e ambições com a “América Utópica”, o “Jardim de Éden”, o “Paraíso Terrestre” perdido pelo pecado de Adão e Eva. Paraíso que no século XVI povoava as mentes e os sonhos dos europeus e que deveria ser recuperado.

A busca desse eldorado fazia com que expedições reunissem todo tipo de gente que sonhava com esse mundo utópico como: soldados, aventureiros, mendigos, loucos, bufarinheiros, tuberculosos, sifilíticos etc. Todos eram impulsionados pela mesma obsessão:  a riqueza, as montanhas de ouro, a felicidade suprema que povoava a imaginação dos primeiros navegadores que aqui chegaram e que descreviam a América como esse paraíso.

Os colonizadores ao chegarem à América mal alimentados, vindos em navios fétidos, imundos, desconfortáveis, abarrotados de gente (que suportavam todo tipo de infortúnio para chegar ao paraíso) se deparavam com uma realidade completamente diferente do sonhado Eldorado.

A utopia desapareceu; a esperança do paraíso terrestre desmoronou; cidades foram construídas na América.

O povo nesse “Novo Mundo” foi e é uma força de trabalho, um meio de produção, primeiro, escravos; depois, assalariados.

Nós somos, infelizmente, resultantes de empreendimentos que visavam saquear riquezas, explorar minas e promover a produção de bens exportáveis para gerar lucros.

A utopia acabou… Ainda resta esperança?

 

 

dra. ana

 

 

Autora: Dra. Ana Margarida Arruda Rosemberg, médica CRM 1782-CE, historiadora, imortal da Academia Cearense de Medicina e Conselheira do Jornal do Médico.

 

 

 

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