fbpx

Variantes de COVID-19 em rápida evolução complicam as atualizações de novas vacinas

As vacinas COVID-19 devem ser atualizadas, mas o surgimento de variantes emergentes e as reações imunes inconstantes, significam que não está claro como devem ser essas novas vacinas.

À medida que os países se preparam para outra onda Omicron, impulsionada pelas variantes BA.4 e BA.5, os pedidos para atualizar as vacinas contra a COVID-19 estão ficando mais altos.

As vacinas existentes baseadas na versão do vírus SARS-CoV-2 que surgiu em Wuhan, China, no final de 2019, não combinam com as atuais cepas Omicron. Como resultado, as vacinas agora oferecem apenas proteção de curta duração contra infecções, embora pareçam resistir a doenças graves.

Esta semana, um painel consultivo da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA se reunirá para discutir se as vacinas COVID-19 devem ser atualizadas, e como devem ser as atualizações das vacinas.

Muitos, embora não todos, os cientistas concordam que as vacinas COVID-19 estão atrasadas para mudanças. Mas variantes constantemente emergentes e respostas imunes difíceis de prever, significam que está longe de ser claro como as novas vacinas devem ser.

“Acho que está na hora”, diz Meagan Deming, virologista e cientista de vacinas da Escola de Medicina da Universidade de Maryland, em Baltimore. “O vírus está mudando e o que funcionou há dois anos, pode não funcionar para variantes futuras.” Mas ela e outros cientistas alertam, que a atualização das vacinas COVID-19 não será tão simples, quanto trocar o material genético baseado na cepa Wuhan, por aquele Omicron correspondente.

Areias movediças

A Omicron alterou o curso da pandemia, e gerou uma série de desdobramentos, sendo as variantes BA.4 e BA.5, as mais recentes. Cada uma corroeu a imunidade adquirida com a vacinação e infecção com cepas anteriores, incluindo versões anteriores da Omicron.

Portanto, se as próximas vacinas forem baseadas na Omicron original, chamado BA.1, existe uma possibilidade real de que, quando forem lançadas no final deste ano, as cepas Omicron circulantes sejam diferentes e com escape imunológico. “A BA.1 é a notícia de ontem”, diz John Beigel, médico-cientista do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) dos EUA em Bethesda, Maryland, que está liderando um teste de possíveis atualizações de vacinas.

Também é possível, e alguns cientistas dizem que é provável, que uma variante totalmente nova surja de uma parte distante da árvore genealógica do SARS-CoV-2. “Minha preocupação é que haja esse grande foco no Omicron e a suposição de que o Omicron é o que estaremos lidando no futuro”, diz Penny Moore, virologista da Universidade de Witwatersrand em Joanesburgo, África do Sul. “Temos um forte histórico de errar”.

Como resultado dessa incerteza, os cientistas dizem que as próximas vacinas COVID-19 precisam lançar uma ampla rede, idealmente provocando uma resposta imune que possa reconhecer variantes passadas, presentes e futuras. “A resposta mais ampla é definitivamente o que eu quero”, diz Deming.

Misturar e combinar

Como alcançar tal amplitude é a pergunta de um milhão de dólares. A Moderna, empresa de biotecnologia de Cambridge, Massachusetts, que co-desenvolveu uma vacina bem-sucedida baseada em mRNA com o NIAID, está testando uma vacina atualizada que codifica duas versões da proteína spike SARS-CoV-2: a formulação original e uma versão baseada em BA.1.

Em 25 de junho, a empresa publicou os resultados do teste, que dá um reforço dessa vacina ‘bivalente’ a pessoas que receberam três doses da vacina Moderna original, e compara suas respostas imunes com as observadas em pessoas que recebem uma quarta dose da vacina original.
Mas os dados anunciados este mês sugerem que a vacina atualizada desencadeou respostas de anticorpos 75% mais potentes contra BA.1, e 24% mais fortes contra uma versão do SARS-CoV-2 dos primeiros meses da pandemia, em comparação com uma dose extra de uma vacina original. “Este é um impulsionador claramente superior”, disse o presidente da empresa, Stephen Hoge, em uma ligação com investidores em 8 de junho.

E na semana passada, a Moderna acrescentou que a vacina bivalente, gera anticorpos que ainda bloqueiam BA.4 e BA.5, embora seus níveis sejam cerca de três vezes menores do que os contra BA.1. No entanto, a empresa não forneceu uma comparação com as respostas desencadeadas por uma dose extra da vacina original.

Outros fabricantes de vacinas, incluindo a Pfizer de Nova York e seu colaborador BioNTech de Mainz, Alemanha, bem como a Novavax de Gaithersburg, Maryland, estão testando suas próprias vacinas baseadas em Omicron. Em um comunicado de imprensa de 25 de junho, a Pfizer-BioNTech informou que uma vacina Omicron BA.1, gerou respostas de anticorpos neutralizantes contra BA.1 que foram cerca de 2 a 3 vezes mais potentes do que uma dose extra da vacina original; sua vacina bivalente, semelhante à da Moderna, gerou respostas BA.1 que foram cerca de 1,5 a 2 vezes mais fortes. Mas as variantes BA.4 e BA.5 minaram essas respostas de forma semelhante à vacina Moderna.

Beigel diz que o teste da Moderna mostra por que agora é a hora de atualizar as vacinas COVID-19. “Devemos nos afastar do protótipo porque a variante Omicron parece ser muito melhor”, diz ele.

Mas John Moore, cientista de vacinas da Weill Cornell Medicine, em Nova York, se pergunta se as melhorias que as vacinas atualizadas oferecem valem a pena. “A questão que os consultores da FDA precisam decidir é se esse aumento modesto é suficiente, para justificar a despesa e a complexidade de uma mudança de composição”, diz Moore. “Não vi nada nos dados da Pfizer e da Moderna que obviamente justificasse uma mudança de composição para a Omicron.”

Beigel e seus colegas divulgarão em breve os primeiros resultados de um estudo financiado pelo NIAID, que está testando combinações de vacinas baseadas em uma variedade de variantes, incluindo Omicron, Beta, Delta e a cepa original. Este estudo, chamado COVAIL, inclui vacinas de mRNA fabricadas pela Moderna e Pfizer-BioNTech, bem como um reforço experimental baseado em proteínas desenvolvido pela Sanofi em Paris e GSK em Londres.

Surpresa do participante

Beigel diz que não devemos presumir, que a vacina original é a melhor maneira de desencadear uma resposta contra cepas anteriores não-Omicron. Ele espera que seu estudo ilumine as combinações ideais. Outro estudo descobriu que o reforço da Sanofi-GSK, que é baseado na variante Beta, desencadeou fortes respostas de anticorpos neutralizantes contra todas as variantes, incluindo BA.1 e Delta. Isso sugere que a Beta não deve ser descartada como um componente de futuras atualizações, dizem os cientistas.

A busca por uma formulação atualizada também é complicada, pela possibilidade de que vacinas baseadas em uma cepa específica, como a Omicron, nem sempre desencadeiem uma resposta imune potente contra essa cepa. Alguns estudos recentes descobriram que as infecções por Omicron após a vacinação, lembram os mesmos anticorpos que as vacinas desencadearam contra cepas anteriores, em vez de provocar todas as novas respostas à Omicron. Mas ainda não está claro se as vacinas atualizadas se comportarão da mesma maneira. Estudos pré-clínicos de vacinas baseadas em Omicron em animais, mostrando pouca diferença entre a Omicron e os reforços da cepa original, sugerem que sim, diz John Moore.

Um fenômeno semelhante, conhecido como reconhecimento, afeta a forma como as pessoas respondem à vacinação e à infecção da gripe, fazendo com que os níveis de proteção variem entre as pessoas e de ano para ano. No entanto, as autoridades de saúde tentam combinar a composição das vacinas sazonais com as cepas com maior probabilidade de estar em circulação.

Essa estratégia faz sentido com o SARS-CoV-2, diz Jesse Bloom, biólogo evolucionário do Fred Hutchinson Cancer Center em Seattle, Washington. “Podemos assumir com segurança que ter a vacina o mais próximo possível do vírus circulante geralmente será melhor”.

Mas as decisões em torno da composição das vacinas contra a gripe são baseadas em uma sólida compreensão de como esses vírus evoluem, diz Beigel, algo que os pesquisadores ainda não podem reivindicar para o SARS-CoV-2. “Conhecemos as regras da gripe e podemos prever isso muito bem. Para o COVID, ainda não.”

Autor:
Dr. Dylvardo Costa Lima
Pneumologista, CREMEC 3886 RQE 8927
E-mail: dylvardofilho@hotmail.com 

 

 

 

 

Assine a nossa NewsLetter para receber conteúdos e informes sobre ações, eventos e parcerias da nossa marca: https://bit.ly/3araYaa

Este post já foi lido765 times!

Compartilhe esse conteúdo:

WhatsApp
Telegram
Facebook

You must be logged in to post a comment Login

Acesse GRATUITO nossas revistas

Send this to a friend