fbpx

Personalidade Borderline

Borderline significa “limítrofe”. Podemos assumir que as palavras do antigo sucesso da Madonna caracterizam perfeitamente a instabilidade, a precária fronteira entre a lucidez e a insanidade em que vivem as pessoas nessa condição. A personalidade borderline é um grave transtorno mental com um padrão característico de instabilidade na regulação do afeto, no controle de impulsos, nos relacionamentos interpessoais e na imagem de si mesmo. Apesar de não ser tão divulgada quanto outros transtornos psiquiátricos, afeta de 1 a 2% da população geral, 10% de pacientes psiquiátricos e 20% dos internados em hospitais, sendo que a maior parte das pessoas afetadas (até 70%) corresponde a mulheres.

 

Identificar uma pessoa com personalidade borderline não é difícil, pois os sintomas incomodam todos os que se relacionam com ela, especialmente familiares. O quadro engloba algumas manifestações típicas de vários transtornos psiquiátricos como esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar, mas em geral os pacientes não saíram totalmente do estado considerado normal para serem enquadrados em tais classificações. A “síndrome” borderline é portanto um mosaico de sintomas menos acentuados de diversos transtornos. Para assegurar um diagnóstico preciso foram estabelecidos nove critérios no DSM IV (quarta versão do manual de diagnóstico e estatística de doenças mentais). Nele, a personalidade borderline aparece classificada dentro do grupo dos transtornos de personalidades emocionalmente instáveis.

 

Em relação ao distúrbio afetivo, os pacientes apresentam diversas sensações, por vezes conflitantes, muitas vezes manifestando tensão aversiva, incluindo raiva, tristeza, vergonha, pânico, terror e sentimentos crônicos de vazio e solidão. Outro aspecto é a exagerada reatividade no humor: os pacientes com frequência mudam com grande rapidez de um estado a outro, passando por períodos disfóricos e eutímicos ao longo de um dia. Além disso, a cognição também se apresenta alterada. A sintomatologia varia, há ideias superestimadas de estar mal, experiências de dissociação – despersonalização e perda da percepção da realidade – outros sintomas são semelhantes aos psicóticos, com episódios transitórios e circunscritos de ilusões e alucinações baseadas na realidade. Acredita-se que o distúrbio de identidade pertença ao domínio cognitivo porque se baseia em uma série de falsas crenças, por exemplo, a de que uma pessoa é boa num minuto e má no instante seguinte.

Outra característica marcante pintada para este quadro é a de impulsividade, manifestada de duas formas: há pacientes deliberadamente auto-destrutivos, que apresentam comportamento suicida, podendo apresentar auto-mutilação, ameaças e tentativas de suicídio; outros pacientes manifestam formas mais gerais de impulsividade, caracterizadas, pelo abuso de drogas, desordens alimentares, participação em orgias, explosões verbais e direção imprudente.

ROSSANA BRASIL KOPF
ADVOGADA
PSICANALISTA

Este post já foi lido6532 times!

Compartilhe esse conteúdo:

WhatsApp
Telegram
Facebook

You must be logged in to post a comment Login

Acesse GRATUITO nossas revistas

Send this to a friend