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O hábito de fumar deixa cicatrizes no sistema imunológico por anos, mesmo depois de parar de fumar

Os impactos do tabagismo no sistema imunitário perduram muito depois da última tragada do fumador, de acordo com um estudo sobre as respostas imunológicas de 1.000 pessoas.

A análise, publicada na revista Nature em 14 de fevereiro, faz parte de um esforço para determinar por que as respostas imunológicas variam tão amplamente de pessoa para pessoa. Além de fumar cigarros, o estudo descobriu que, ter um índice de massa corporal acima da média, e ter sido previamente infectado por um vírus tipicamente benigno chamado citomegalovírus, também afeta a resposta imunológica.

“Isto destaca a importância de se considerar não apenas os efeitos imediatos, mas também as consequências duradouras das escolhas de estilo de vida na função imunitária”, diz Yang Luo, imunologista computacional da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que não esteve envolvido na investigação.

Ignorando uma doença

A pandemia da COVID-19 revelou, quão divergentes podem ser as respostas imunitárias, a ponde de algumas pessoas ficarem gravemente doentes após uma infeção por SARS-CoV-2, enquanto outras não apresentaram sintomas. Estudos anteriores destacaram a importância do sexo, da genética e da idade, na explicação de parte desta diversidade nas respostas imunológicas, mas o papel de outros fatores, ainda não foi totalmente definido.

A bióloga computacional Violaine Saint-André, do Instituto Pasteur de Paris, e seus colegas, analisaram amostras de sangue e questionários coletados pelo Consórcio Milieu Allemand, de 1.000 pessoas saudáveis ​​que vivem na Bretanha, França. Os pesquisadores expuseram as amostras de sangue a moléculas, microorganismos e vírus conhecidos por ativar o sistema imunológico. Eles então mediram o efeito de cada molécula ou patógeno na produção de proteínas chamadas citocinas, que regulam as respostas inflamatórias do corpo.

Os autores combinaram estes resultados, com informações sobre 136 características pessoais extraídas de dados demográficos, ambientais e clínicos. Eles descobriram que três características se destacaram, por terem associações particularmente fortes com respostas de citocinas: tabagismo, índice de massa corporal e infecção prévia por citomegalovírus.

Os dados sobre o consumo de cigarros foram particularmente impressionantes: o efeito do tabagismo nas respostas às citocinas foi tão grande, quanto os efeitos da idade, do sexo e da genética. E esses efeitos persistiram por anos, depois que os participantes pararam de fumar. Saint-André e a sua equipe descobriram, que estes fatores se correlacionavam com padrões de marcadores químicos, chamados grupos metilo, que foram adicionados ao DNA das células em determinadas regiões. A adição de tais grupos metila pode alterar a atividade genética.

Natureza mais nutrição

“É um trabalho muito importante”, afirma Vinod Kumar, geneticista do Centro Médico da Universidade Radboud, em Nijmegen, na Holanda, não só devido aos resultados específicos sobre o tabagismo, mas também devido ao esforço global para rastrear fontes de variabilidade nas respostas imunológicas. O estudo descobriu que fatores ambientais individuais, por exemplo, podem afetar diferentes citocinas em diferentes graus. “Isso me faz pensar em quantos detalhes devemos considerar, quando analisamos uma terapia direcionada ou uma medicina personalizada”, diz ele.

Mas o estudo ainda precisa ser repetido, para garantir que os resultados sejam generalizáveis, diz Saint-André. E, no futuro, deverá incluir um grupo de participantes com maior diversidade étnica e racial. A equipe expandiu agora o seu estudo, para incluir participantes do Senegal e de Hong Kong, diz ela. Os pesquisadores também voltaram aos participantes originais, e coletaram amostras de sangue fresco de 415 deles, 10 anos após a coleta das amostras originais.

Seria valioso aprender mais sobre como o tabagismo influencia a função das células imunitárias e, por sua vez, quais são as respostas do corpo à infecção e à vacinação, diz Luo. “Isso poderia oferecer informações valiosas sobre as consequências mais amplas do tabagismo para a saúde.”

 

Referente ao artigo publicado em Nature

 

 

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