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Vicio em más notícias

Vício em más notícias, doomscrolling e doomsurfing. Navegando pelas redes sociais você se depara com uma quantidade incrível de más notícias que, no longo prazo, não são boas para você. Parece que em nossa natureza humana existe uma espécie de atração por notícias ou tópicos de conversa negativos ou preocupantes. Esta propensão natural, que evidentemente sempre existiu, encontra hoje o seu terreno mais fértil nas redes sociais. Nos últimos dois anos da pandemia, a informação adquirida através das redes sociais tem sido uma componente essencial na vida de muitos italianos, tanto que o Facebook se dotou de uma secção de informação específica sobre a Covid-19 e tudo se baseou na estratégia de comunicação no uso direto das mídias sociais. Porém, segundo alguns psicanalistas, o que se chama doomscrolling ou doomsurfing em inglês, ou seja, a busca contínua e quase obsessiva por notícias alarmantes nas redes sociais, pode dar origem a uma espécie de pequeno vício capaz de alimentar outro, mais sério e difundido: o vício em smartphones. E os jornais online, com a sua informação muitas vezes inconsistente ou incompleta, nada mais fazem do que encorajar tudo isto.

 

 

Ler más notícias gera ansiedade, mas parece que esta sensação geralmente rotulada como negativa pode ser de alguma forma viciante, talvez um abrigo para sentimentos mais intensos e destrutivos, como medo ou humor deprimido. A fúria com que os relatos de infecção eram divulgados e acompanhados, dia após dia, foi sintomático nesse sentido. E quanto mais próxima se percebe a catástrofe, mais somos levados a buscar notícias sobre o assunto, segundo dizem os cientistas. De acordo com algumas pesquisas, para muitas pessoas, rolar o apocalipse significa tentar dar sentido a uma experiência tensa que estão vivenciando: preencher o “vazio” de informações com cada vez mais detalhes coletados de artigo em artigo ajuda a se sentir menos assustado e desamparado.

 

 

Ao mesmo tempo, porém, a operação não é totalmente transparente. Precisamente porque a rolagem do apocalipse nasceu como uma ação de “salvar vidas”, a informação lida quase nunca será processada literalmente pelo cérebro: haverá uma tendência a dar maior importância às notícias que parecem mais tranquilizadoras ou mais alinhadas com a tese e até mesmo informações incompletas receberão crédito ou serão falsas. Além disso, a exposição contínua a más notícias pode alimentar o stress e ajudar no desenvolvimento de tendências depressivas, se já presentes. A comunicação e a investigação estão entre as melhores faculdades do ser humano e a informação é o que estabelece a pertença activa a uma cidadania, a uma comunidade. Contudo, é extremamente importante, em momentos de crise política e social, ter o cuidado de manter alerta o espírito crítico, analisando o que lê e sobretudo aprendendo a “desligar”.

 

 

Conseguir abandonar por um tempo um hábito que causa ansiedade não é fácil porque muitas vezes, principalmente quando se trata de redes sociais, é difícil perceber qual é o real motivo do desconforto (afinal, lemos tantas coisas em nossos painéis de mensagens…). Equilibrar informação “catastrófica” com um tipo de informação mais neutra (existem revistas online dedicadas exclusivamente a “boas notícias”) ou informação cultural é certamente um hábito equilibrado. Por outro lado, os jornais do passado, os de papel, tinham muitas páginas, e até há poucas décadas as páginas dedicadas às notícias editoriais, cinematográficas, musicais, filosóficas e artísticas estavam mesmo entre as mais lidas! Por isso vamos procurar notícias boas e positivas.

 

Rossana Kopf – psicanalista

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