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Médica do Cariri destaca que a capilarização das ações do CREMEC em todo o interior tem que ser prioridade da nova gestão

Ampliando ainda mais a voz do Cariri médico sobre as eleições do CREMEC no Jornal do Médico, a renomada professora Emille Sampaio, docente de medicina da UFCA e ex-coordenadora do curso de medicina da instituição, chama a atenção quanto às ações do conselho para coibir a prática de pseudo médicos, em especial no Cariri. Confira o que ela compartilhou conosco com exclusividade sobre a próxima gestão do CREMEC.

 

Jornal do Médico Na sua perspectiva, qual a importância da participação ativa dos profissionais de medicina nas eleições do CREMEC? Como isso pode influenciar nas políticas e ações do conselho em prol da categoria?

 

Profa. Emille – Enquanto autarquia representativa da categoria médica é indispensável que todos os médicos e médicas possam acompanhar, debater e votar nas eleições do CREMEC. Termos nossos médicos e médicas de forma ativa no processo, compreendendo as propostas de cada chapa, tirando suas dúvidas, debatendo entre os pares, nos ajuda a construir um Conselho mais próximo da realidade e demandas da categoria. É necessário um processo participativo, não apenas representativo, assim como em toda democracia.

 

Jornal do Médico – Como docente de medicina, quais as experiências você tem tido com a participação do CREMEC junto ao corpo discente de medicina? Quais as principais expectativas que você tem em relação a futura nova gestão do CREMEC? E quais medidas você acredita que possam ser tomadas para fortalecer a parceria entre o conselho e as instituições de ensino médico?

 

Profa. Emille – Enquanto docente de medicina me preocupa a formação ética de nossos egressos. Uma boa formação técnica está ao alcance das nossas escolas médicas, seja na capital ou nos interiores do estado, porém as competências éticas demandam conhecimentos, habilidades e atitudes que não necessariamente conseguimos desenvolver integralmente na graduação, por mais que os docentes se empenhem diuturnamente. Isso torna fundamental a participação do CREMEC em parceria com as Escolas Médicas e a sociedade civil organizada, para contribuir com a formação médica e a formação continuada dos profissionais médicos com ênfase em bioética, a valorização da ciência e da medicina baseada em evidências.

 

Jornal do Médico – O CREMEC tem um papel relevante na fiscalização do exercício profissional. Na sua visão, quais as principais áreas ou situações que demandam uma atenção especial do conselho nesse sentido? E como você acredita que a atuação do CREMEC pode contribuir para aprimorar a qualidade da prática médica?

 

Profa. Emille – É essencial que o CREMEC esteja presente e ativo no interior do estado do Ceará. Em conversas com os colegas médicos é frequente a reclamação de não perceberem a existência do Conselho em nossa prática cotidiana, muitos consideram que o Conselho se resume a sua função cartorial, por exemplo. A capilarização das ações do CREMEC em todo o interior tem que ser prioridade para a futura gestão do CREMEC, incidindo para garantir condições adequadas de trabalho para o profissional médico e qualidade de assistência para a população.

 

Jornal do Médico – Com o considerável aumento do uso das redes sociais na área médica, quais são suas considerações sobre a ética no uso dessas plataformas nos últimos tempos? Como você avalia a participação do conselho para garantir uma divulgação responsável e adequada nas redes sociais?

 

Profa. Emille – Atualmente desde a graduação o futuro médico vem se preparando de modo teórico e prático para a interação nas redes sociais, seja por perfis de projetos de extensão, ensino e pesquisa que eles participam e que atuam na divulgação de suas ações, seja na produção de conteúdo próprios para as redes sociais. Esse movimento precisa ser mapeado e reconhecido como iniciativa de popularização das ciências, o que é algo positivo. Mas também é imperativo sabermos associar teor aos melhores canais, identificar os públicos alvos e criar conteúdos que realmente sejam acessíveis, para tanto é necessário orientação técnica e ética. Entre médicos e estudantes de medicina que produzem conteúdos para as redes sociais não é falado sobre ter referencia no Conselho para orientações de uso das redes, tendo um grande hiato entre a necessidade dos médicos e a ação do CREMEC. Podemos avançar no próximo período com intervenções concretas do Conselho para conteúdos científica e eticamente responsáveis nas redes sociais.

 

Jornal do Médico –  A Lei do Ato Médico completou 10 anos, porém, temos visto recentemente a atuação de profissionais de outras áreas da saúde, principalmente na estética, que realizam procedimentos exclusivos dos médicos de acordo com essa lei. Como você avalia a atuação do conselho nesse cenário? O que poderia ser implementado para reforçar a fiscalização e coibir esses pseudo médicos?

 

Profa. Emille – A tomar como referência notícias recentes, a ação do conselho para coibir pseudo médicos é totalmente falha. Tivemos uma médica que neste último mês descobriu que seu carimbo havia sido clonado por um outro profissional da saúde e que estavam emitindo receitas em seu nome no município em que ela trabalha, na região do Cariri, em contato com o Conselho a médica foi orientada apenas a encaminhar Boletim de Ocorrência por e-mail para ficar arquivado, porém não foi proposto nenhuma medida de fiscalização do estabelecimento que sabidamente tem alguém em exercício ilegal da medicina. Ficamos totalmente a mercê e sem entidades que possam nos orientar e estar ao nosso lado quando mais precisamos. É necessário mudar esse cenário, em especial no interior do estado.

 

Jornal do Médico – Por fim, gostaria de oferecer um espaço para livre declaração. Existe algum assunto ou opinião que você gostaria de expressar sobre as eleições do CREMEC ou qualquer outro tópico relacionado à saúde? Sinta-se à vontade para compartilhar suas considerações.

 

Profa. Emille – Gostaria de ressaltar que, segundo as pesquisas e a demografia médica, o cenário de trabalho para a maioria dos médicos e médicas é o Sistema Único de Saúde (SUS), tendo vínculo também na assistência privada ou não. Como maior campo de trabalho é fundamental que o Conselho se coloque, em seu discurso e suas ações cotidianas, em defesa do SUS, qualificando o trabalho médico e interdisciplinar, defendendo cuidado em saúde da população, incidindo em políticas estratégicas para o SUS, como as residências médicas, e se colocando em defesa da vida.

 

Mais sobre a entrevistada

Emille Sampaio Cordeiro, CRM-CE: 13.923, Médica sanitarista, doutorando em Saúde Pública pela ENSP/Fiocruz, professora da Faculdade de medicina da UFCA Universidade Federal do Cariri, exerceu função de coordenadora do curso de medicina de 2019 a 2021.

 

Eleições CREMEC 2023, Cobertura Jornal do Médico

jornaldomedico.com.br/eleicoescremec2023

 

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